ARROLAMENTO DE SONHOS
Anotou, à margem dos anos, as fantasias. Rasurou quimeras, cantou desejos, desencantou-se no abandono das noites insones e frias, descreveu a trajetória de algumas estrelas cadentes no papel em branco. Projetou, no céu, os próprios labirintos.
Em folhas sem pauta, sem horizonte, escreveu-se o destino... A armadilha de uma oração sem sujeito, indeterminada ação dos medos e desconhecimentos. Eis o sonho, a poesia de muitos proscritos... Resgatou os feitos no relato pleno de paixão, os cantos na rouca declaração do amor tardio. Enfim, compreendeu o significado dos sonhos no limiar das manhãs e, com um certo remorso, assumiu a caligrafia das expressões ilegíveis do diário amadurecido.
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 12/05/2008
Alterado em 13/05/2008 |