Os deuses do teatro muitas vezes brindam os mortais com momentos mágicos, remontam os antigos teatros e, com as reluzentes máscaras, assumem as vozes encorpadas que ecoam pelas pilastras que sustentam a história da humanidade.
Os duplos são realidades sombreadas nos textos teatrais imortalizados em encenações ímpares, nos poema alinhavados na declamação dos gritos de nossas verdades, nas expressões que desenham na luz uma inesquecível imagem sempre associada à emoção...
Realidade. Após quatorze anos gestando o Poema do Medo, apresentado numa oficina de teatro pelo ator e diretor Sérgio Brito, Marina Machado faz uma adaptação audaciosa, costurando textos de outros autores consagrados, como Antonin Artaud, e monta a peça Maria Farrar com um elenco de jovens e crianças.
A encenação surpreende, comove, assusta... A platéia é dominada pelo medo e pela percepção de que todos precisam de ajuda. Ao dar a luz, ao envelhecer, ao morrer... “Toda criatura precisa da ajuda dos outros.” Os presentes saem com uma nova vivência cicatrizada na alma. É preciso perceber a hipocrisia nos nossos silêncios ou nos pré-julgamentos proferidos. “Por favor...”
Quatorze anos... Uma nova comunhão dos deuses torna possível o encontro entre Sérgio Brito e Marina Machado em Curitiba, no primeiro domingo após a noite de estréia de Maria Farrar. Uma apresentação vespertina especial para quem apresentou o texto. Os atores estão nervosos e a platéia vazia é preenchida pela grandeza dos oitenta anos do ator e diretor, um dos ícones do teatro brasileiro.
Um encontro mágico entre diretores e atores, uma aula absoluta sobre o teatro, os grandes dramaturgos e a arte de representar. Um presente dos deuses do teatro!

A encenação da peça Maria Farrar e do encontro (23/10) foram filmados e serão editados para apresentação no programa sobre teatro do Sérgio Brito na TVE.