PAPEL DE SEDA
Acordei em cinzas depois de uma noite embriagada com lembranças e lavada por ondas. Tremi o frio das culpas sem conseguir identificar as razões. Entrecortada, acho que a lucidez me torturou com os fantasmas de todas as inseguranças e me condenou as fúrias dos atos passionais.
Encontrei-me no parapeito de uma janela interrompida, quase uma empena cega... Um olhar triste que se recusa ao espelho e que intimida as palavras. Lábios trêmulos tentando se equilibrar no mundo... Motivos que se perderam para sempre numa fumaça difusa na madrugada e que não poderão ser recompostos no conteúdo do mesmo papel de seda. Gostaria de não me submeter aos vaticínios e corromper as afirmações... Permaneci em silêncio em busca de sua presença. Desejei ter a certeza da realidade e me apropriar das aparências da fumaça se caso pudessem me trazer o riso e a transparência imaculada da primeira dobra do papel de seda, quando senti na alma a alegria de te ter ao lado.
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 24/09/2005
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