ENGANO
Chega de palavras cordatas, frases nobres, pontuações excessivas... É hora de tirar a máscara da linguagem e deixar em pele viva o pensamento escoriado com silêncios e períodos sem sentido. A alma à beira do precípicio. De repente, a face é apenas uma projeção da madrugada e já não reconhece os próprios demônios. Enfeitiçou-se com as diáfanas asas dos versos e não consegue despi-las. Recriou-se em orações de louvor e, calçada com metáforas, não sente a aspereza do chão estilhaçado de histórias sem poesia. Rasurou-se tantas vezes que talvez não consiga mais incorporar a castidade de um papel em branco.
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 14/03/2007
|