Questão de Urgência - Mobilização Nacional dos Músicos
O Dia da Mobilização Nacional dos Músicos, no último domingo (10/07), foi marcado pela realização de eventos em dezessete capitais com apresentação de músicos e pessoas ligadas à música. O objetivo dos encontros, fortalecimento da música brasileira com a criação de campo para os artistas nacionais apresentarem o seu trabalho com a possibilidade de distribuição e divulgação nos meios de comunicação, foi atingido com a ampla adesão de artistas e público. O evento em Curitiba contou com a participação da maioria dos músicos locais e uma platéia animada nas ruínas do São Francisco. Vários gêneros foram apresentados e foi possível constatar a qualidade dos músicos, bandas e compositores, do rock ao forró, da MPB à música instrumental, passando por grupos folclóricos e pela presença de músicos e compositores de outros estados que se encontravam na capital paranaense. Trazer à tona o descontentamento com o atual cenário cultural e a vontade de lutar por melhores condições com um único e sonoro discurso: “Toque o Brasil. Cante o Paraná”. A mobilização dos músicos, promovida pelo Fórum Permanente da Música, é uma união em torno da cultura e da valorização dos artistas nacionais. Cláudio Ribeiro, compositor e organizador do evento, destacou a importância da mobilização: “O evento foi a oportunidade de reforçar as discussões em torno das questões que se prendem com a situação econômica e social do música, as suas fontes estruturais de rendimento, a educação e a formação, a mobilidade dos músicos no espaço paranaense e brasileiro e a defesa da tradição musical do Paraná.” O show manifesto envolveu personalidades ligadas a todos os setores da música: Waltel Branco, Sergio Albach, Ronald Magalhães, Glauco Souter, Osvaldo Rios, Lídio Roberto, Raymundo Rolim, Eliane Bastos, Álvaro Colaço, Manoel Neto, Iso Ficher, Helen Carvalho, Priscila Santos, Negreti, André Alves, Estrela Lemiski, Fernando Loko, Cremildes Ferreira Bahr, André Alves Wlodarczyk, Rafael Gustavo, Cláudio Ribeiro, Marcio Santos, Ivo Meyer, Gerson Bientinez, Ulisses Galleto, Ivan Graciano, Osvaldo Aranha, Rogério Gulim, Daniel Faria, Bernardo Pellegrini, Suzi Monteserrat, João Bello, Rubens Rolim, Gogó de Ouro, Nilo Santos, João Gilberto Tatara, Elisabet Serafim, Marilene Millarch, Maria Amélia, Daniela Gramani, Maurílio Ribeiro, Flavia Dias, Cassiano Cordoni, Vadeco, Gabriel Teixeira, Fabrício, Homero Reboli, Miran, Mary Lopes, Marilia, Zé Siqueira, Nascimento, Hip Hop, Nivaldo Gouvêa, Luna Remer, Marilda Confortin, Roberto de Mello (Abramos), Frederico Lemos (UBC), Marcos Vinícius, Marcelo Miguel (UBE), entre outros, reforçando a recente criação de uma estrutura estadual, na qual marcaram presença entidades como a Associação de Compositores do Paraná, Fórum de Entidades de Cultura e o Fórum Permanente de Cultura do Paraná, Ordem dos Músicos do Paraná, cujo apoio à causa foi neste evento reiterado pelos próprios coordenadores. Além do Museu da Imagem e do Som, Rádio Brasil Cultura, Escola de Musica e Belas Artes do Paraná, Sindicato dos Músicos do Paraná, Camerata Antiqua de Curitiba, Associação de Produtores Independentes da Música, ONG Situação, Umbigo Casa de Cultura e Centro de Pesquisa de Musica Paranaense, Brasil Cultura e a Biblioteca Pública do Paraná. Raymundo Rolim apresentou Questão de Urgência, letra e música de sua autoria, vencedora de um festival de música realizado em Curitiba em 1999. Uma letra sobre a indignação que, infelizmente, seis anos após, permanece contemporânea. A banda de rock Zigurate apresentou a música Como será, de Fabio Gaia, afirmando a universalidade/brasilidade do rock, a beleza da letra e da música no ritmo que rejuvenesce as emoções com a segura performance dos membros da banda. Lídio Roberto apresentou Violada (Lídio Roberto e Cláudio Ribeiro) contagiando o público com a luz decantada/enluarada nos versos. Gerson Bientinez e Sergio Albach reacenderam a poesia imortal de Helena Kolody com a bela interpretação instrumental de Valsa para Helena Kolody (Gerson Bientinez). “Toque o Brasil. Cante o Paraná.” Um grande encontro. Arte e consciência de luta. Apresentações e reconhecimentos... Sem mais palavras e com os acordes ainda a dominar o encantamento das lembranças, compartilho três letras interpretadas no evento. Questão de urgência (Raymundo Rolim) Não há mais tempo Oh meu Brasil Tem que ter jeito Estou confesso, Cabisbaixo, insatisfeito; Sem alegrias Nem afeto e contrafeito Aí pergunto, Ai meu Deus com que direito? Pra contentar um coração bom e singelo Que se enfeita Sim e não verde-amarelo, Vai tudo bem, ta muito bom Sob o imenso céu de anil E cá na terra, o que é esse povo Tão gentil! Como será (Fábio Gaia) Como será Nascer, viver e morrer No mesmo lugar Sob sol escaldante A noite ao luar Sobreviver a tempestades E o frio suportar E na primavera Com suas cores e formas tão belas O mundo salvar Como será? Como será Que deve ser Pra eu me fazer entender Que sofrer é aprender Como será Se continuarmos a lhe sangrar Interrompendo o ciclo da vida Até não poder mais Então você não mais vai suportar E vai me odiar Por não te amar Violada (Lídio Roberto e Cláudio Ribeiro) Eh! Hoje tem viola Tem festa na campina E quando o sol reclina Viola é que ilumina Eh! Hoje tem viola Tem festa na campina E quando o sol reclina Viola é que ilumina Viola de lua doce Viola violada parece Como lua viola fosse Canto com jeito de prece Viola minha sina Eh! Hoje tem viola Tem festa na campina E quando o sol reclina Viola é que ilumina Viola de alma bela Deus sabe eu vivo assim Preciso tanto que ela Diga não vive sem mim Viola menina.
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 13/07/2005
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