Colcha de Retalhos

"O homem é um deus quando sonha e não passa de um mendigo quando pensa." Holderlin

Textos

COMBOIO DE SONHOS
Quase lá, sempre,
Adormecer o amanhã
No agora que corre
Nos hiatos dos trilhos
Passam paisagens
Cores, tardes distantes,
Comboio de sonhos
Anseios de outono
O doce gosto das
Vindimas tardias
Derrama nas adegas
No dia de São Martinho

Quase lá, sempre,
No comboio a noite passa
Na escuridão dos retornos
Rasga a pele, as faixas de vida,
Fere, sangra, cicatriza,
Cria novas raízes
Nas estações da lembrança...

Quase lá, sempre,
O amanhã descansa
Nos tonéis dos secos tintos
Tempo dormente
Passa em procissão
nos lentos ponteiros
Mais uma estação,
Antônio, Maria, João,
Escorre o embebido silêncio
No discreto pranto
Lágrima de saudade,
Sangue de raízes
Choro das videiras...

Quase...
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 30/11/2006
Alterado em 30/11/2006


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