CHORO DA VIDEIRA
Desnudo-me das folhas douradas e dos cachos amadurecidos para sentir a profundidade de minhas raízes. Viagem ao solo onírico com os ecos do farfalhar das lembranças fermentadas no último outono. Colheita, vida, poda, vida, cepa... Provo o vinho, sangue tinto corre ainda nas fantasias embriagadas e adorna o céu da boca na espera do gosto decantado dos verdadeiros encontros. Despida, desfolhada, reencontrada em raízes... No horizonte, confundo-me com um discreto traço escuro, cepa, vida podada nas estações frias, e faço-me tarde, na lágrima, no sangue, no choro da videira...
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 23/11/2006
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