“Os oceanos continham a maior parte da vida do planeta, e aquelas pessoas todas, vindas de todos os cantos do globo, se acotovelavam para ver a vida... através do vidro. O que é que aquilo evocava? Exatamente. A televisão! Claro que ele pretendia deixar ainda mais explícita tal conexão...”

O romance O Suicida Feliz é um caleidoscópio de vidas anônimas. Um redator de programa humorístico que perde o riso, um cabeleireiro perdido em verdades e símbolos, uma mãe com depressão pós-parto, uma recém-nascida com síndrome de down, uma diretora de programação acostumada às imagens e um corpo obscuro abandonado no asfalto logo no primeiro capítulo.

Angústias individuais perdidas nos bastidores das sociedades globalizadas. Representações sombreadas da vida em cortes televisivos. Cavernas, estradas, aquários... Ações e omissões que fazem da vida um espetáculo da banalização e do esquecimento. Tesouras, palavras... Uma crítica profunda ao meio de comunicação que torna inviável a comunicação dos seres, a revelação dos sentimentos, dos anseios e dos medos.

Paulo Nogueira, brasileiro radicado em Portugal há quinze anos, constrói o romance sobre dois pilares aparentemente paralelos com um final surpreendente. A convergência dos universos individuais e as novas perspectivas lançadas no desfecho da tentativa de suicídio oferecem ao leitor um mergulho profundo além do mundo de representações.

O Suicida Feliz foi o primeiro romance do escritor lançado no Brasil em 2005 na Coleção Tanto Mar da Editora Planeta. Paulo Nogueira é autor dos romances O homem que foi para o céu, O último dia do mundo, O corpo estranho e Um é pouco, dois é demais. Transatlântico é seu livro mais recente.